quinta-feira, 18 de abril de 2024

O Papa Bento distribuía normalmente a comunhão de joelhos e na boca

Em 2009, sendo Bento XVI o Papa reinante, o Ofício das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice emitiu um documento no qual defende a comunhão de joelhos e na boca. Publicamos aqui a tradução das partes mais relevantes desse texto:

Desde o tempo dos Padres da Igreja, existiu uma tendência que foi sendo consolidada: a preferência de distribuir a Sagrada Comunhão na língua ao invés de distribui-la na mão. São duas as motivações para esta prática: 1) para evitar, tanto quanto possível, que partículas Eucarísticas possam perder-se (por ex: ficarem na mão depois de comungar, e até mesmo caírem no chão); 2) aumentar a devoção entre os fiéis na Presença Real de Nosso Senhor no Sacramento da Eucaristia.

São Tomás de Aquino também se refere à prática de receber a Sagrada Comunhão apenas na língua. Ele afirma que tocar no Corpo do Senhor é próprio, apenas, para o sacerdote ordenado.

Portanto, por vários motivos, entre os quais o Doutor Angélico cita o respeito pelo sacramento, escreve: "...como forma de reverência para com este Sacramento, nada o toque, apenas o que é consagrado (o sacerdote), uma vez que o corpo e o cálice são consagrados, também as mãos do sacerdote (o foram) para que tocasse nesse Sacramento. Por isso, não é lícito a ninguém tocá-lo, excepto por necessidade, por exemplo, se fosse cair sobre o chão, ou então em algum outro caso de urgência."(Summa Theologiae, III, 82, 3).

Ao longo dos séculos, o momento da Santa Comunhão sempre foi marcado com sacralidade e respeito, esforçando-se constantemente para desenvolver os melhores sinais externos que poderiam promover a compreensão deste grande mistério sacramental. Na sua solicitude amorosa e pastoral, a Igreja tem a certeza que os fiéis recebem a Santa Comunhão tendo no seu interior correctas disposições, entre as quais se destacam a disposição e a necessidade dos fiéis compreenderem a Presença Real d'Aquele que estão para receber. (ver: Catecismo do Papa Pio X, nn. 628 e 636). 

A Igreja ocidental estabeleceu o sinal de ajoelhar-se como um dos sinais de devoção adequado para os que vão comungar. Um ditado célebre de Santo Agostinho, citado pelo Papa Bento XVI no n. 66 da sua Encíclica Sacramentum Caritatis, ("O Sacramento do Amor"), ensina: "Ninguém come desta Carne sem primeiro adorá-la, podemos até pecar se não a adoramos" (Enarrationes in Psalmos 98, 9). Ajoelhar-se mostra e promove a adoração necessárias antes de receber Cristo Eucarístico.

A partir desta perspectiva, o então Cardeal Ratzinger assegurou que: "A comunhão só atinge a sua verdadeira profundidade quando é apoiada e rodeada por adoração" [The Spirit of the Liturgy (Ignatius Press, 2000), p. 90]. 

Por esta razão, o Cardeal Ratzinger afirmou que "a prática de se ajoelhar para a Santa Comunhão tem em seu favor uma tradição já antiga, e é um sinal particularmente expressivo de adoração, completamente apropriado, à luz da presença verdadeira, real e substancial de Nosso Senhor Jesus Cristo sob as espécies consagradas "[citado na carta "This Congregation" of the Congregation for Divine Worship and the Discipline of the Sacraments, July 1, 2002].


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Reclusos da prisão de Fort Madison (Iowa) na Santa Missa, 1958




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quarta-feira, 17 de abril de 2024

Festa de São José, Padroeiro da Igreja Universal

Nesta Quarta-Feira da Segunda Semana de Páscoa, celebramos a instituição de São José como Padroeiro da Igreja. O Papa Pio IX fê-lo no dia 8 de Dezembro de 1870, com o decreto Quemadmodum Deus:

À Cidade e ao Mundo

Da mesma maneira que Deus havia constituído José, gerado do patriarca Jacob, superintendente de toda a terra do Egipto para guardar o trigo para o povo, assim, chegando a plenitude dos tempos, estando para enviar à Terra o Seu Filho Unigénito, Salvador do Mundo, escolheu outro José, do qual o primeiro era figura, fê-lo Senhor e Príncipe da sua casa e propriedade e elegeu-o guarda dos seus tesouros mais preciosos.

De facto, ele teve como esposa a Imaculada Virgem Maria, da qual nasceu, pelo Espírito Santo, Nosso Senhor Jesus Cristo, que perante os homens dignou-se ter sido considerado filho de José e lhe foi submisso. E Aquele que tantos Reis e Profetas desejaram ver José não só viu, mas com Ele conviveu e com paterno afecto abraçou e beijou; e além disso, nutriu cuidadosamente Aquele que o povo fiel comeria como Pão descido dos Céus para conseguir a vida eterna. Por esta sublime dignidade, que Deus conferiu a este fidelíssimo servo seu, a Igreja teve sempre em alta honra e glória o Beatíssimo José, depois da Virgem Mãe de Deus, sua esposa, implorando a sua intercessão em momentos difíceis.

E agora, nestes tempos tristíssimos em que a Igreja, atacada de todos os lados pelos inimigos, é de tal maneira oprimida pelos mais graves males, a tal ponto que homens ímpios pensam ter finalmente as portas do Inferno prevalecido sobre ela, é que os Veneráveis e Excelentíssimos Bispos de todo o mundo católico dirigiram ao Sumo Pontífice as suas súplicas e as dos fiéis por eles guiados, solicitando que se dignasse constituir São José como Patrono da Igreja Católica.

Tendo depois no Sacro Concílio Ecuménico do Vaticano insistentemente renovado as suas solicitações e desejos, o Santíssimo Senhor Nosso Papa Pio IX, consternado pela recentíssima e funesta situação das coisas, para confiar a si mesmo e os fiéis ao potentíssimo patrocínio do Santo Patriarca José, quis satisfazer os desejos dos Excelentíssimos Bispos e solenemente declarou-o Patrono da Igreja Católica, ordenando que a sua festa, marcada para 19 de Março, seja de agora em diante celebrada com rito duplo de primeira classe, porém sem oitava, por causa da Quaresma.

Além disso, ele mesmo dispôs que tal declaração, por meio do presente Decreto da Sagrada Congregação dos Ritos, fosse tornada pública neste santo dia da Imaculada Virgem Maria, Mãe de Deus e Esposa do castíssimo José.

Rejeite-se qualquer coisa em contrário.


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terça-feira, 16 de abril de 2024

O que é a Confissão e quem está obrigado a confessar-se?

CONFISSÃO SACRAMENTAL é a acusação dos pecados próprios, cometidos depois do Baptismo, feita ao legítimo Sacerdote para receber a absolvição. 

Os homens como as mulheres, ou sejam crianças ou velhos, pobres ou ricos, sábios ou ignorantes, sãos ou enfermos, desde que chegam ao uso da razão e enquanto conservam o uso do discernimento, têm obrigação de confessar os seus pecados pelo menos uma vez cada ano

Para obter o perdão dos pecados no sacramento da Penitência é necessário acusar todos os pecados mortais cometidos e as circunstâncias que mudam a espécie de pecado. O cristão  que se quer confessar deve: a) fazer exame de consciência; b) ter arrependimento ou contrição de todos os seus pecados; c) confessar todos os pecados de que se recordar; d) estar disposto a cumprir a penitência que o
Confessor lhe impuser e cumpri-la sem demora. 

A contrição é de tal modo necessária para obter o perdão do pecado que sem ela, diz S. Tomás, nem mesmo um pecado venial pode ser perdoado. E a contrição para ser sincera há de ser acompanhada do propósito firme, que o penitente terá de não tornar a pecar.

O Confessor tem obrigação de dar a absolvição ao penitente que julga estar bem disposto, e tem obrigação de a negar àquele que julga ser incapaz ou indigno da absolvição. Incapazes da absolvição são: os perpetuamente dementes, os não batizados, os que já estão mortos, os que ignoram as verdades absolutamente necessárias para a salvação. 

Indignos são: os que não dão nenhum sinal de arrependimento; os que se recusam a acabar com os ódios e inimizades, ou a restituir o alheio podendo fazê-lo; os que não querem deixar a ocasião próxima do pecado ou não querem corrigir-se de algum pecado; os que deram escândalo público, a não ser que acabem com o escândalo e o retratem publicamente. 

O lugar próprio da confissão sacramental é a igreja ou capela pública ou semi-pública. As mulheres não se devem confessar fora do confessionário, a não ser por motivo de enfermidade ou por causa de verdadeira necessidade. 

Padre José Lourenço in 'Dicionário da Doutrina Católica'



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segunda-feira, 15 de abril de 2024

Padre Rupnik continua como consultor da Santa Sé

O Padre Marko Rupnik foi acusado por abusos sexuais a duas dezenas de religiosas.

Os detalhes dos abusos, contados pelas vítimas, são escabrosos e incluem graves abusos psicológicos. Ademais, absolveu em confissão alguém com quem tinha cometido o pecado de fornicação, algo que é um pecado muito grave que tem como consequência uma pena canónica, a excomunhão. Entretanto, a excomunhão foi levantada pela Santa Sé.

Por causa da reiterada desobediência, o Padre Rupnik foi expulso da Companhia de Jesus em Junho de 2023. Apesar de tudo isso, aparece no anuário pontifício como consultor do Dicastério para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos. Além disso, aparece como sacerdote jesuíta, algo que já não é.


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Crianças bem entregues




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domingo, 14 de abril de 2024

Não há nenhum noite como esta

Não há em todo o ano litúrgico, que é o vôo circular em que a Igreja contempla amorosamente os mistérios de Cristo, momento mais jubiloso e mais belo em que, antes de acender o Círio Pascal, o Diácono canta o “Exultet Jam Angélica Turba Caelorum...” que é, sem dúvida alguma, o maior primor que os homens, com inspiração divina e engenho próprio jamais lograram compor em toda a história do cristianismo e do mundo. 

Quem já adulto, e já doloridamente vivido, teve a felicidade de ouvi-lo pela primeira vez no esplendor do Movimento Litúrgico, pôde apreciar, nessa adamantina condensação, todo o apuro, todo o requinte de infinito bom-gosto que a Igreja, ex abundantia operis, trouxe à civilização, e até hoje guarda a lembrança do estremecimento da alegria que nessa noite sentiu como antecipação de todas as promessas de Deus:
 
O vere beata nox, quae sola meruit scire tempus et horam in qua Christus ab inferis ressurrexit! – Ó bem-aventurada noite, única que mereceu conhecer o dia e a hora em que Cristo ressuscitou dos mortos. Inebriada de alegria a Igreja delira, e chega à amorosa inconveniência, à desmedida loucura de cantar:

O certe necessarium Adae peccatum... O felix culpa... – Ó necessário pecado de Adão...Ó culpa feliz.

E depois, agora mais senhora de si, gravemente repete a grande história do Verbo de Deus desde a madrugada da Criação, desde a promessa feita a Abraão, e através das palavras dos profetas até aquela outra madrugada do primeiro dia da semana em que Maria Madalena e a outra Maria vieram visitar o sepulcro.

Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago e Salomé, haviam comprado aromas para embalsamá-Lo, e pelo caminho diziam: “Quem nos levantará a pedra do sepulcro?”

Chegadas, viram a pedra rolada, e então as duas mulheres voltaram correndo para anunciar aos apóstolos o que viram e ouviram do anjo que estava ao lado do sepulcro: Ele ressuscitou!

E daí em diante começaram as páginas mais transluminosas, e mais banhadas de alegria das Sagradas Escrituras. Cada quadro tem uma luz suave e mais penetrante do que todo o alvorecer da Criação.

Agora num relâmpago, vemos Maria Madalena voltar-se para o vulto que julgava ser o do jardineiro, e com ela ouvimos:
 - Maria! E logo a resposta de adoração: - Raboni!
 
Mais adiante é no Cenáculo, onde estavam fechados e tristes os apóstolos, que Jesus ressuscitado aparece e lhes diz: “A paz seja convosco.” 

E agora é na estrada de Emaús que dois discípulos caminham conversando a respeito de tudo o que havia acontecido, e à certa altura percebem que alguém caminha com eles, e lhes pergunta: “De que falais enquanto caminhais?” Os viandantes ficaram tristes, e o que se chamava Cleofas respondeu ao desconhecido: “Serás tu, forasteiro em Jerusalém, o único a ignorar o que se passou nestes dias?” “O que aconteceu?”, perguntou o desconhecido. E os peregrinos contaram a história de Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus, que os príncipes dos sacerdotes e magistrados entregaram para ser condenado à morte, e morte de cruz; e disseram que estavam tristes porque esperavam que ele libertasse Israel, e agora já três dias passaram... É verdade que algumas mulheres, que se achavam conosco, dizem que seu corpo desapareceu do sepulcro e que um anjo anunciou que Ele estava vivo! Mas eles ainda duvidavam...

Disse-lhes então o desconhecido: “Ó homens sem inteligência, como tarda vosso coração em crer o que os Profetas anunciaram!” E começando por Moisés, percorrendo todos os Profetas, o desconhecido ia explicando as palavras de Deus à medida que se aproximava de Emaús. O desconhecido deu a entender que tomava outro caminho, mas a pedido dos peregrinos entrou com eles num albergue. “Fica conosco!” pediam os peregrinos, e Jesus, com eles à mesa, tomou o pão, benzeu-o, partiu-o, e deu-lhes, e então seus olhos se abriram, mas Jesus desaparecera.

Esta pequena história que resiste a todos os maltratos da humana grosseria, tem inspirado e animado o engenho de todas as artes humanas, e poderá ainda, até o fim do mundo, ser cantada, contada, pintada e lavrada sem que a infinita profundidade de sua beleza venha a se exaurir. Por mim, neste momento, sinto com especial comoção a beleza da ação de graças dos dois peregrinos quando retomam a caminhar: — “Lembras-te como nosso coração se abrasava quando Ele, no caminho, nos explicava as Escrituras?”.
 
Peçamos nós a esses santos peregrinos que nos obtenham de Deus a mesma graça de sentir arder o coração quando ouvirmos a voz de Cristo na voz da Igreja a nos explicar os formidáveis mistérios da Pátria.

Diz-nos São Paulo na Vigília Pascal: “Se morrermos com Cristo, com Ele ressuscitaremos e viveremos". Mas nosso tardo coração sente-se amedrontado diante de tão excessiva promessa de Deus.

Na verdade, na verdade, todos os dons de Deus e todas as suas promessas são excessivas, e tamanho clarão de mistério às vezes mais nos ofusca e nos cega do que nos ilumina. “Creio... na ressurreição da carne...” balbucio eu envolvendo este artigo no mesmo global ato de fé que tem sua razão de ser na Palavra de Deus. Balbucio e tremo quando considero esta pobre carne já tão desgastada, “comme um vieux mouton qui a perdu sa laine aux ronces du chemin” – como um velho carneiro que perdeu sua lã nos espinhos do caminho. Como poderá resplender e reflorescer este pobre corpo já tão próximo do desmoronamento total?

Afina teu ouvido, ó tardo coração, e pondera que nesta Vigília Pascal, por sua Igreja, Cristo nos rememora todas as grandezas de Deus desde a criação até esse momento único em que a chama do Círio representa a grande transição, a maravilhosa travessia, a Páscoa que nos transporta de um desastrado mundo para o mundo dos ressuscitados. E pondera bem, alma de minh’alma, que um só ato vivificado pela graça de Cristo é maior do que todas as galáxias; e que as vezes que do pecado saíste por um ato de contrição e pelo perdão sacramental somam maior total de maravilhas do que todo o Universo criado. 

Na verdade, na verdade tu te deténs demais na excessiva promessa anunciada pelo Exultet porque ainda te agarras demais à ideia de que teu corpo com sua variedade de órgãos e funções, é a maior maravilha de teu ser. No que te enganas demais, alma de minha alma, porque a maior maravilha de meu ser é a graça da adoção, é o favor sobrenatural que Deus nos concede: o de podermos chamá-lo de Pai Nosso...

E nessa ordem de coisas, que importa infinitamente mais do que todas as estrelas do céu, todas as flores da terra e todos os peixes do mar, nessa ordem nova ou nessa nova criação – tudo é graça.

Gustavo Corção in 'O Globo' (29/III/1975)


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sábado, 13 de abril de 2024

Santo Hermenegildo, Rei e Mártir

Hermenegildo era filho de Leovigildo, rei dos Visigodos em Espanha, e de Teodósia, a primeira esposa daquele rei. Depois da morte da esposa, o rei visigodo casou-se com Goswinda, viúva do seu irmão Atanagildo e mãe de Brunehaut, mulher de Sigeberto, rei da Austrásia. Foi com uma filha de Sigeberto e de Brunehaut que Hermenegildo se casou.

A esposa do futuro Mártir chamava-se Ingonda e era Católica. Ora, Goswinda, ariana, nutria grande ódio pelos Católicos, e começou a perseguir a nora. No princípio usou de carinhos, doces palavras, procurando induzir Ingonda a receber o baptismo no Arianismo. Ingonda, corajosa e determinadamente, recusou-se, e passou a receber da sogra os piores tratamentos.

Leovigildo, um dia, para pôr termo às discussões entre a mulher e a nora, resolveu enviar Hermenegildo e a jovem esposa para Sevilha. Ingonda, desde então, procurou, por todos os meios, encaminhar o marido para a Fé Católica. Pôs-se a catequizá-lo, e Hermenegildo, assim que se inteirou das Verdades que a boa esposa lhe expunha, a tudo vendo com muita clareza, deixou os erros que abraçara desde que nascera e se fez Católico.

Leovigildo, quando soube da conversão do filho, procurou, enraivecido, matá-lo. E o príncipe, para se defender, aliou-se ao imperador de Bizâncio, que ia atacar a Espanha.  

Um dia, Hermenegildo recebeu mensageiros do pai, que lhe disseram:

- Ide procurar o vosso pai, que vós ambos tendes coisas em comum a discutir.

Hermenegildo respondeu-lhes:

- Não irei. Meu pai é meu inimigo, porque sou Católico.

Leovigildo, diante daquela resposta, marchou contra o filho, que, chamando os gregos em seu auxílio, avançou contra o pai. Quando, porém, as forças do Santo deram com o Exército do rei visigodo, debandaram, abandonando-o, e Hermenegildo, sem nenhuma esperança, refugiou-se numa igreja das vizinhanças. E ali, orando a Deus, disse:

- Que meu pai não me venha atacar, porque é um ímpio crime que um pai seja morto por um filho e um filho pelo pai.

Leovigildo, acampado a pouca distância, tratou de lhe enviar um deputado. E assim, logo mais, Recaredo, irmão do jovem príncipe, discorria sobre a boa acolhida que o pai lhe desejava fazer. E acrescentou:

- Vamos, ajoelhe-se aos pés do nosso pai, e ele tudo perdoará.

Diante disto, Hermenegildo foi ao encontro do velho rei, que, ao recebê-lo, abraçou-o com fingido carinho. Pouco depois, era preso. O Santo, conduzido a Sevilha, foi posto numa estreita prisão. E ali, desejoso do Céu, rogava a Deus que lhe desse forças para perseverar até ao fim. E as cadeias que carregava, levava-as com grande resignação, com imensa doçura, como se fora um cilício.

Hermenegildo, firme na Fé, foi morto na própria prisão, a mandado do perverso pai, na noite de 13 de Abril de 586. E os milagres não faltaram para manifestar a glória do rei Mártir.

O pai, herético e parricida, reconheceu, arrependido, a Verdade da Fé Católica, mas, temeroso da Nação, não teve coragem de abraçá-la [o fim dos tíbios é conhecido: serão vomitados por Deus]. E Recaredo, morto Leovigildo, não seguiu o exemplo do pai, mas sim o do irmão Mártir: converteu-se, tornando-se um bom Católico.

Sob as instâncias do rei Filipe II, o Papa Sisto V autorizou-lhe o culto em toda a Espanha, e Urbano VIII estendeu o culto a toda a Igreja.

Santo Hermenegildo é o padroeiro de Sevilha.

Padre Rohrbacher in 'Livro Vida dos Santos' (Volume VI, p. 325-327)


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sexta-feira, 12 de abril de 2024

A beleza salvará o mundo




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Cardeal Sarah elogia Bispos africanos por resistirem à propaganda homossexual

O Cardeal Robert Sarah, um dos principais cardeais em termos de inteligência e integridade, elogiou os bispos dos Camarões pela sua declaração "corajosa e profética" de 21 de Dezembro contra as pseudo-bênçãos homossexuais.

"Fizeram uma obra de caridade pastoral ao apontar a verdade", afirmou. É "errado e ridículo" que "algumas pessoas no Ocidente" afirmem que os bispos dos Camarões agiram em nome de um "particularismo cultural", esclareceu Sarah. Afirmaram, "numa lógica de neo-colonialismo intelectual", que os africanos "ainda" não estão prontos para "abençoar" o pecado "por razões culturais", disse: "Como se o Ocidente tivesse uma vantagem sobre os africanos, mais atrasados".

Na realidade, os bispos em África estão a agir "em nome do único Senhor, da única Fé da Igreja", explicou Sarah: "Desde quando é que a verdade da Fé, o ensino do Evangelho, está sujeito a culturas particulares?"

Sarah adverte contra a ideia destrutiva de que a Fé deve ser interpretada "diferentemente" em diferentes lugares, culturas e povos. Ele identificou esta ideologia como "apenas um disfarce para a ditadura do relativismo". O seu objectivo é introduzir deficiências na doutrina e na moral em certos lugares, sob o pretexto de "adaptação cultural". Assim, "querem permitir um diaconato feminino na Alemanha, padres casados na Bélgica, a confusão entre o sacerdócio ordenado e o sacerdócio comum na Amazónia".

O Cardeal Sarah espera que os bispos africanos se tornem defensores da Fé, mas observa que as suas vozes no último Sínodo foram desprezadas por aqueles cuja única obsessão é "agradar aos lobbies ocidentais".

in gloria.tv


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quinta-feira, 11 de abril de 2024

Perdão depois do Genocídio no Ruanda

Passam 30 anos do horrível genocídio no Ruanda. Em cerca de 100 dias, 800 mil pessoas da etnia tutsi foram assassinadas por pessoas da etnia hutu.
 
Um hutu chamado Nkundiye, na altura com 43 anos, matou um homem apenas por ser tutsi. Mais tarde foi preso. Na prisão arrependeu-se profundamente do seu crime, pediu perdão à família da vítima e hoje em dia ambas as famílias são vizinhas.
 
Nkundiye conta como foi perdoado pela viúva do homem que assassinou, Laurencia Mukalemera:

«Estou-lhe muito agradecido. Desde que lhe pedi desculpa, depois da vida na prisão, confessando os meus crimes e pedindo-lhe perdão ela perdoou-me. Hoje em dia até deixo os meus filhos com ela quando estou fora.»

Este exemplo de perdão é fortíssimo! O mal não vencerá!


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Uma peregrinação aberta a todos, todos, todos.




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quarta-feira, 10 de abril de 2024

Papa volta a usar o título "Patriarca do Ocidente"

O Papa Francisco voltou a associar o ofício papal ao Patriarca do Ocidente. Este título havia sido retirado em 2006, pelo Papa Bento XVI, que o considerava pouco claro e obsoleto. O título começou a ser utilizado pelo Papa Teodoro, no ano 642 d.C.


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12 ideias para resistir à tentação e crescer em virtude

1. Praticar a custódia dos sentidos: o mau uso dos cinco sentidos pode tornar-se uma porta de entrada para o mal.

2. Não negligenciar Deus e a oração: cultivar uma vida Eucarística, tornar-se n'O que se recebe.

3. Orar pelo desapego do pecado: optar pela santidade.

4. Confiar em Deus: a ansiedade pode levar a mais tentações.

5. Evitar reclamar e negatividade: cultivar a gratidão e oração em todas as circunstâncias.

6. Perdoar e aceitar o perdão de Deus.

7. Viver o momento presente: na presença de Cristo, Virgem Maria, Anjos e Santos.

8. Ler e orar com a Palavra de Deus viva: usá-la como uma arma contra a tentação.

9. Confiar no poder de Deus, não no nosso: discernir, resistir e correr para o Senhor.

10. Sacramentais: Na fé, usá-los pro-activamente como protecção.

11. Sacramentos: os sacramentos são recursos perpétuos e poderosos para receber a graça.

12. Liberdade: conhecer a capacidade do livre arbítrio para escolher o bem e o mal.


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Alegria Pascal



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segunda-feira, 8 de abril de 2024

Anunciação do Anjo a Maria segundo São Bernardo de Claraval

Hoje é o dia em que o Anjo Gabriel anunciou a Maria que seria Mãe de Jesus Cristo, Deus feito homem, e Nossa Senhora disse sim a esta incomparável missão de ser a Mãe de Deus:

Ouviste, ó Virgem, a voz do Anjo: Conceberás e darás à luz um filho. Ouviste-o dizer que não será por obra de varão, mas por obra do Espírito Santo. O Anjo aguarda a resposta: é tempo de ele voltar para Deus que o enviou. Também nós, miseravelmente oprimidos por uma sentença de condenação, também nós, Senhora, esperamos a tua palavra de misericórdia.

Em tuas mãos está o preço da nossa salvação. Se consentes, seremos imediatamente libertados. Todos fomos criados pelo Verbo eterno de Deus, mas agora vemo-nos condenados à morte: a tua breve resposta pode renovar-nos e restituir-nos à vida.

Isto te suplica, ó piedosa Virgem, o pobre Adão, desterrado do paraíso com toda a sua mísera posteridade; isto te suplicam Abraão e David. Imploram-te todos os santos Patriarcas, teus antepassados, também eles retidos na região das sombras da morte. Todo o mundo, prostrado a teus pés, espera a tua resposta: da tua palavra depende a consolação dos infelizes, a redenção dos cativos, a liberdade dos condenados, a salvação de todos os filhos de Adão, de toda a tua linhagem.

Dá, depressa, ó Virgem, a tua resposta. Responde sem demora ao Anjo, ou, para melhor dizer, ao Senhor por meio do Anjo. Pronuncia uma palavra e recebe a Palavra. Profere a tua palavra humana e concebe a divina. Diz uma palavra transitória e acolhe a Palavra eterna.

Por que demoras? Por que receias? Crê, consente e recebe. Encha-se de coragem a tua humildade e de confiança a tua modéstia. Não convém de modo algum, neste momento, que a tua simplicidade virginal esqueça a prudência. Virgem prudente, não temas neste caso a presunção, porque, embora seja louvável aliar a modéstia ao silêncio, mais necessário é, agora aliar a piedade à palavra.

Abre, ó Virgem santa, o coração à fé, os lábios ao consentimento, as entranhas ao Criador. Eis que o desejado de todas as nações está à tua porta e chama. Se te demoras e Ele passa adiante, terás então de recomeçar dolorosamente a procurar o amado da tua alma. Levanta-te, corre, abre. Levanta-te pela fé, corre pela devoção, abre pelo consentimento.

Maria disse então: «Eis a serva do Senhor, disse a Virgem, faça-se em mim segundo a tua palavra».

in Homilia 4 sobre o «Missus est», §§ 8-9


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domingo, 7 de abril de 2024

O mundo precisa de guerreiros orgulhosos - Jim Caviezel



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Domingo Quasimodo

Neste Domingo, a Missa em latim começa com "Quasi modo". Se soa familiar é simplesmente porque se trata do nome do Corcunda de Notre-Dame, a personagem principal do romance 'Notre-Dame de Paris'. Com o recente incêndio na Catedral de Paris voltou a escrever-se sobre essa personagem.

Mas por que razão Victor Hugo chamou "Quasimodo" ao Corcunda mais famoso do Mundo? Simplesmente porque teria sido encontrado no Domingo a seguir ao Domingo de Páscoa, cujo introito começa com: "Quasi modo geniti infantes..." (Como bebés recém-nascidos...), uma passagem da primeira carta de São Pedro.

Este Domingo é tradicionalmente conhecido por "Dominica in Albis". Isto porque as pessoas eram baptizadas no dia de Páscoa e, para comemorar a pureza que tinham na sua alma pelo perdão do pecado original e dos pecados pessoais, usavam uma túnica branca durante toda a semana. 

O Domingo seguinte era o primeiro dia sem essa túnica branca, por isso dizia-se: "Dominica in Albis Depositis" (Domingo em que se tira a veste branca).


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sábado, 6 de abril de 2024

Que o povo de Deus seja santo e bom

Que o povo de Deus seja santo e bom: santo, para se afastar daquilo que é proibido, bom para realizar aquilo que é mandado.
 
Grande coisa é ter uma fé recta e uma doutrina santa; é louvável reprimir a gula, ter uma doçura e uma castidade irrepreensíveis; mas estas virtudes nada são sem a caridade.

São Leão Magno, Papa e doutor da Igreja in 10.ª Homilia para a Quaresma


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Agnus Dei, o sacramental perdido

Quarta-Feira dentro da Oitava Pascal, era feito o rito da confecção do "Agnus Dei". Pio XII foi um dos últimos Papas a fazê-lo. Paulo VI foi o último, em 1964.

O rito consistia na fundição dos círios pascais usados no ano anterior nas basílicas romanas e das velas usadas pelo Papa na festa da Apresentação do Senhor (2 de Fevereiro), para moldar pequenas peças de cera redondas ou ovais nas quais estava gravado um Cordeiro com o lábaro da Ressurreição, e do outro lado a imagem Nossa Senhora ou de algum santo (possivelmente que tivesse sido canonizado recentemente), daí o nome "Agnus Dei".

Os "Agnus" não eram confeccionados todos os anos, apenas no primeiro ano de pontificado de um Papa, repetindo-se de sete em sete anos e nos anos jubilares. Eram feitos por monges, sendo apresentados na Quarta-Feira de Páscoa ao Papa, que os banhava com água, óleo do Crisma e bálsamo fazendo algumas orações de benção.

A distribuição era feita na Missa do Sábado ou no Domingo "in albis", na Capela Sistina. Após ser rezado o "Agnus Dei" na Missa, o Papa colocava um pacote com alguns desses discos de cera na mitra invertida de cada cardeal e bispo aí presentes, para que os distribuíssem aos fiéis.

Na fotografia vemos Pio XII a abençoar os "Agnus Dei" e um "Agnus" do Ano Santo de 1950, abençoado pelo mesmo Papa.


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sexta-feira, 5 de abril de 2024

Soldados "fundamentalistas" comungam de joelhos em tempo de guerra




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São Vicente Ferrer: o "Anjo do Apocalipse"

Recebeu, durante uma visão, a ordem de Nosso Senhor para pregar pelo mundo inteiro a verdadeira Fé, sendo favorecido largamente com o dom dos milagres. Os seus inflamados sermões atraíam multidões, obtendo a graça de incontáveis conversões, inclusive de judeus e maometanos

São Vicente Ferrer nasceu em 1350, em Valência, cidadela do catolicismo numa Espanha que se encontrava ainda em guerra contra o maometano invasor. A sua casa natal não era distante do Real Convento da Ordem dos Pregadores. Isto favoreceu a decisão do jovem Vicente de vestir o hábito dos dominicanos.

A partir da sua profissão religiosa, em 1368, até ser ordenado sacerdote, em 1374, alternou o estudo e o ensino da filosofia com a aprendizagem da teologia em Lérida, Barcelona e Tolosa. Com perfeito conhecimento da exegese bíblica e da língua hebraica, regressou a Valência, onde ensinou teologia, escreveu, pregou e aconselhou.

Anos mais tarde, em Avignon (França), caiu gravemente doente a ponto de quase falecer. Foi quando teve a visão de Nosso Senhor Jesus Cristo, acompanhado de São Domingos e São Francisco, conferindo-lhe a missão de pregar pelo Mundo. E, repentinamente, recuperou a saúde. A 22 de Novembro de 1399, deixou aquela cidade francesa para levar ao Ocidente a Palavra de Deus. E, em meio à grande crise espiritual na qual estava imersa a sociedade daquela época, passou a derramar tesouros de sabedoria.

Com efeito, a França encontrava-se assolada pela Guerra dos cem anos; na Itália havia os conflitos entre guelfos e gibelinos; as regiões espanholas de Castela e Aragão estavam mergulhadas na anarquia; e fora das fronteiras da cristandade havia o perigo maometano. Nessas condições, percorreu inúmeras aldeias e cidades dos citados países, chegando até à Suíça.

A sua oratória, brilhante e cheia de fogo, mantinha entretanto a lógica imperturbável das argumentações escolásticas. Mas a atracção que as pessoas sentiam pelas suas palavras era devida principalmente a dois factores: a percepção da presença de Deus nele e o enlevo, cheio de consolações, ocasionado pela graça divina.

Graças à sua voz as inimizades públicas cessavam, os pecadores sentiam-se movidos ao arrependimento e as pessoas sedentas de perfeição seguiam-no. O auditório das suas pregações era sempre de multidões, às vezes mais de 15000 pessoas, portanto ao ar livre. Contemporâneos do Santo relatam que, falando na sua própria língua, era entendido mesmo pelos que não a conheciam.

Dez mil pessoas oscularam as suas mãos em onze dias

Nos dias em que São Vicente Ferrer pregou em Toulouse, por exemplo, não houve pregador que quisesse fazer sermão, porque toda a gente ia atrás do Santo. E sendo tão grande o afluxo de pessoas, que não podiam acomodar-se bem no claustro do convento onde ele falaria, o Arcebispo pediu que ficasse hospedado no seu palácio e pregasse na praça de Santo Estêvão, onde podia caber público maior.

Condescendeu o Santo, pelo facto de pertencer o Arcebispo à sua Ordem religiosa, e foi para o palácio. Pregou quase todos os dias e celebrou Missa solene na referida praça, à qual acudiam as pessoas com tão grande empenho que, para conseguir lugar, se levantavam à meia-noite e para lá iam com archotes, cada um trazendo seu próprio assento.

Porque, embora se diga que era ouvido de longe como de perto, e assim o era comumente, todos queriam estar próximos dele, para vê-lo bem e observar como oficiava as cerimónias religiosas, como curava os doentes que vinham ao palanque onde se encontrava e, finalmente, para poder beijar-lhe as mãos, logo que terminava o sermão, e voltar para casa tendo recebido a sua bênção.

Num vilarejo, as dez mil pessoas que se reuniram para ouvi-lo puseram-se a oscular a sua mão, repetindo tal gesto nos onze dias subsequentes. Referia todas essas a Deus, e dizia com o coração e com os lábios: "Non nobis, Domine, non nobis, sed nomini tuo da gloriam - Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória" (Salmo 113).

Para evitar a vanglória que de tais honras lhe poderia advir, antes de entrar nas diversas localidades, seguindo o conselho do Divino Mestre que diz: "Vigiai e orai para que não entreis em tentação" (Mt 26, 41), ajoelhava-se com os que vinham à sua companhia e, as mãos postas em oração, erguia os olhos ao céu. Provavelmente rogava a Deus que o guardasse da soberba e da vanglória, a qual, como afirma Santo Agostinho, está sempre espreitando as nossas boas obras, para que percam os seus méritos diante de Deus.

Estava o santo tão longe de comprazer-se com a honra que lhe prestavam e com a autoridade que lhe davam, que, algumas vezes, pedindo-lhe os enfermos a bênção para alcançar de Deus a saúde, não queria dá-la, a fim de fugir da vanglória; se bem que, depois, movido de misericórdia, fazia o que lhe rogavam e os despedia muito contentes.

Para não ser esmagado, andava no meio de um quadrado de madeira

Ao chegar perto de uma cidade, a população vinha ao seu encontro, e todos disputavam um lugar próximo dele. E só escapava de ser esmagado porque andava no meio de pranchões sustentados por homens possantes. Em várias cidades, enquanto durava a sua pregação, os negócios paravam, as lojas fechavam, as audiências dos próprios tribunais eram suspensas.

Os sermões duravam habitualmente duas ou três horas. Numa Sexta-feira Santa, em Toulouse, prolongou-se por seis horas seguidas! Os moradores dessa cidade espanhola costumavam dizer: "Este homem veio a esta terra para a nossa salvação ou para nossa perdição. Para que nos salvemos, se fizermos o que ele nos diz; para que nos condenemos, se nos descuidarmos de obedecer-lhe. Porque até aqui podíamos dizer que não tínhamos quem nos ensinasse tão bem o que somos obrigados a fazer. E agora já não podemos dizê-lo".

Foi tão grande a devoção que os tolosanos lhe dedicaram que, após a sua partida da cidade, ficaram com relíquias suas e não quiseram desfazer o palanque no qual havia pregado; antes o beijavam e tocavam como coisa de Deus.

O Santo ressuscita uma desafiante judia e a converte

São Vicente trabalhou ardentemente pela conversão dos judeus e dos maometanos. Há historiadores que afirmam que converteu 25000 judeus e 8000 mouros. 

Assim, no Domingo de Ramos de 1407, na igreja de Ecija (Espanha), uma dama judia, rica e poderosa, que seguia os seus sermões por curiosidade e desafio, sem ocultar os sarcasmos que fazia a meia voz, atravessou de improviso a multidão para sair. Não conseguia conter-se de raiva. O povo, explicavelmente, ficou indignado. "Deixai-a sair, disse o Santo, porém afastai-vos do pórtico", o qual caiu sobre ela, matando-a.

"Mulher, em nome de Cristo, volte à vida!", ordenou ele, e assim se fez. Após um tal milagre, não é de causar estranheza que essa senhora se tenha prontamente convertido à verdadeira Religião. Naquela cidade, uma procissão anual passou a comemorar a morte, ressurreição e conversão da judia.

O próprio Santo profetiza a sua canonização

Com o correr dos anos, sentindo o peso da idade, o cansaço e os males físicos muitas vezes obrigavam-no a caminhar amparado por outras pessoas.

Porém, quando começava a pregar tudo desaparecia. O seu rosto transfigurava-e como se a pele retomasse o frescor da juventude, os seus olhos brilhavam, a voz era clara e sonora. O tom de convicção, que transparecia nas suas palavras, deixava atónitos os ouvintes. Por isso, não causa admiração que, por efeito da graça, os frutos dos sermões fossem tão copiosos, de maneira que eram sempre necessários muitos sacerdotes para ouvir as confissões.

São Vicente Ferrer fez laboriosos esforços para obter a conclusão do Cisma do Ocidente, pesando para isso a sua extensa influência na Cristandade. Apesar de tantas viagens, fadigas e penitências, a sua missão apostólica continuava ainda em 1419. Quando se encontrava na Bretanha (França), percebeu que a sua vida estava chegando ao fim, por causa de uma chaga que lhe envenenara a perna.

Como desejavam que morresse na sua terra natal que tanto amava, colocaram-no num navio a toda pressa, o qual navegou toda a noite. Enquanto isto, nas ruas as senhoras gritavam: "Já não temos o santo". Mas, pela manhã, inexplicavelmente, o navio ainda se encontrava no porto. Sinal evidente que Deus queria que morresse na Bretanha.

Depois de dez dias de agonia, assistido pelos amigos, pelos irmãos dominicanos e pelas damas da corte da Duquesa da Bretanha, entregou a sua bela e combativa alma a Deus, com 69 anos de idade e várias décadas de luta no cumprimento da sua missão. Era o dia 5 de abril de 1419.

O processo de canonização começou no dia seguinte à sua morte e Roma reconheceu como fidedignos 873 milagres. Foi elevado à honra dos altares em 1455 pelo Papa Calisto III, o qual recebera, muito antes de ocupar a Sé de Pedro, uma profecia do Santo. 

Com efeito, durante uma das pregações que este último fez em Valência, entre a multidão dos que se aproximavam de São Vicente Ferrer para se encomendar às suas orações, prestou atenção a um sacerdote, que lhe pedia também a caridade de uma prece, ao qual o grande taumaturgo dirigiu as seguintes palavras: "Eu te felicito, meu filho. Tendes presente que és chamado a ser um dia a glória da tua pátria e da tua família, pois serás revestido da mais alta dignidade a que pode chegar um homem mortal. E eu mesmo serei, após a minha morte, objeto da tua particular veneração".

Noutra oportunidade, São Vicente Ferrer cumprimentou um jovem franciscano, a quem disse: "Oh! Vós estareis nos altares antes do que eu". Tratava-se do futuro São Bernardino de Siena, canonizado em 1450.

Queira o Anjo do Apocalipse, como costumava se auto-intitular São Vicente Ferrer, operar novos e mais portentosos milagres para nossa época, incomparavelmente mais corrompida e endurecida que a dele pelos pecados dos indivíduos, das sociedades e dos seus governantes.

in catolicismo.com.br

Fontes de referência:

* Frei Vicente Justiniano Antist, Vida de San Vicente Ferrer, in Biografía y Escritos de San Vicente Ferrer, BAC, Madrid, 1956.
* Ludovico Pastor, Historia de los Papas, vol. II, Ediciones G. Gili, Buenos Aires, 1948.
* José Leite S.J., Santos de Cada Dia, vol. I, Editorial A.O., Braga, 1987.
* Matthieu-Maxime Gorce, Saint Vincent Ferrier, Librairie Plon, Paris, 1924.
* Henri Gheon, San Vicente Ferrer, Ediciones e Publicaciones Espanholas S.A., Madrid, 1945.


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quinta-feira, 4 de abril de 2024

São Francisco Marto entrou no Céu há 105 anos

No dia 4 de Abril de 1919, há exactamente 105 anos, morria Francisco Marto, um dos Pastorinhos de Fátima. A Irmã Lúcia, na época com 12 anos, descreve a última conversa que teve naquele dia com o seu primo, que tinha 10 anos:

- Queres mais alguma coisa? – perguntei-lhe com as lágrimas a correr-me também já pelas faces.
Foi a custo que respondeu:
- Não – respondeu com voz sumida.

Como a cena se estava a tornar demasiado comovedora, minha tia mandou-me sair do quarto.

- Então adeus, Francisco! Até ao Céu!
- Adeus, até ao Céu.

Assim se despedem os santos.

São Francisco Marto, rogai por nós.


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Santo Isidoro explica a importância do exemplo e das boas companhias

Em todos os teus actos, em todas as tuas obras, e em todo o seu trato, imita os bons, emula os santos, tem ante os teus olhos o exemplo dos mártires, considera os exemplos dos justos, imitando-os; que o exemplo dos santos e os ensinamentos dos padres sejam para ti incentivo de virtude. Tem bom espírito, guarda a tua boa fama e não a diminuas com nenhuma acção e não a deixes cair em descrédito. 

Demonstra o que professas com o teu porte, com o teu andar. Seja a tua apresentação a simplicidade, no teu movimento a pureza, nos teus gestos a gravidades, no teu passo a honestidade. Que não demonstres o vergonhoso, o lascivo, o petulante, o insolente, o superficial. O gesto no corpo é o sinal da mente. O teu andar, por conseguinte, não represente a tua superficialidade, o teu passo não ofenda a ti ou a teu próximo. 

Não te prestes a ser espectáculo para os outros, não permitas que te denigram, não te unas a pessoas vãs. Evita os maus, rechaça os indolentes. Foge das reuniões excessivas dos homens, mormente dos que por causa da sua idade são mais inclinados aos vícios. Acompanha-te dos bons, deseja sua companhia. Busca a reunião dos bons, junta-te aos santos. Se fores partícipe do seu trato, também o serás de sua virtude. 

O que caminha com os sábios, será sábio; o que caminha com os estultos, será estulto, pois os semelhantes gostam de reunir-se aos semelhantes. É perigoso viver entre os maus, é pernicioso acompanhar-se daqueles que têm vontade perversa. Tu te nutrirás de sua infâmia se te juntas com os indignos. É melhor sofrer o ódio dos maus que a sua companhia. Assim como muitos bens traz consigo a vida comum dos santos, assim muito mal traz a companhia dos maus, pois aquele que toca um imundo, é por ele contaminado.

Santo Isidoro de Sevilha in 'Lamentações de uma alma pecadora'


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quarta-feira, 3 de abril de 2024

Morreu Mons. Huonder, o Bispo diocesano que se juntou à FSSPX

Mons. Vitus Huonder foi Bispo da diocese de Coira, na Suíça, durante 12 anos. Ajudou muitos sacerdotes tradicionais e deu um grande impulso apostólico à diocese. Conferiu também muitas ordenações para a Fraternidade de São Pedro, na Alemanha. Quando se retirou, por questão de idade, em 2019, mudou-se para uma casa da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X (FSSPX). Foi no site da Fraternidade que foi publicada a notícia:

«É com profunda tristeza que damos conhecimento de que o Bispo Vitus Huonder foi chamado por Deus nesta Quarta-Feira de Páscoa. Entregou a sua bela alma a Deus após uma curta doença, cujo desfecho fatal ele estava bem a par. 

Foi internado no hospital na festa de São José, a 19 de Março. A doença foi diagnosticada na Segunda-Feira Santa, 25 de Março, dia da Anunciação. A partir de então, Mons. Huonder mostrou-se perfeitamente dócil aos caminhos da Providência, oferecendo constantemente os seus sofrimentos pela santa Igreja. 

Mostrou também uma gratidão constante à FSSPX e especialmente ao Instituto Sancta Maria em Wangs, onde pôde passar os seus últimos anos, na profunda alegria de cumprir ainda um belo ministério como pastor de almas e num admirável exemplo de oração e amor ao santuário.

Encomendamos o repouso da sua alma às vossas fervorosas orações, para que chegue o mais depressa possível à bem-aventurança eterna.

Comunicaremos os pormenores do seu funeral assim que possível.»

Dai-lhe, Senhor, o eterno descanso, nos esplendores da luz perpétua.
Que descanse em paz. Ámen.


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Como rezar o Regina Caeli

Durante o tempo pascal, que vai do Domingo de Páscoa até ao Pentecostes, em vez da Oração do Anjo (Angelus) reza-se o Regina Caeli, para sublinhar a alegria cristã pela ressurreição de Nosso Senhor.

Português:

V. Rainha do Céu, alegrai-vos, Aleluia!
R. Porque Aquele que merecestes trazer em Vosso ventre, Aleluia!
V. Ressuscitou como disse, Aleluia!
R. Rogai por nós a Deus, Aleluia!
V. Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria, Aleluia!
R. Porque o Senhor ressuscitou verdadeiramente, Aleluia!

Oremos. Ó Deus, que Vos dignastes alegrar o mundo com a Ressurreição do vosso Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, concedei-nos, Vos suplicamos, a graça de alcançarmos pela protecção da Virgem Maria, Sua Mãe, a glória da vida eterna. Pelo mesmo Cristo Nosso Senhor. Ámen.

Latim:

V. Regina caeli, laetare, alleluia.
R. Quia quem meruisti portare, alleluia.
V. Resurrexit, sicut dixit, alleluia.
R. Ora pro nobis Deum, alleluia.
V. Gaude et laetare, Virgo Maria, alleluia.
R. Quia surrexit Dominus vere, alleluia.


Oremus. Deus, qui per resurrectionem Filii tui, Domini nostri Iesu Christi, mundum laetificare dignatus es: praesta, quaesumus; ut per eius Genetricem Virginem Mariam, perpetuae capiamus gaudia vitae. Per eundem Christum Dominum nostrum. Amen.



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